"A designer knows he has achieved perfection not when there is nothing left to add, but when there is nothing left to take away."
A Composição Final - Capa + CD
Depois de de um longo processo de pesquisa, idealização e experimentação, chegamos a um resultado final que nos parece expressivo:


Memória Descritiva
As Interpretações Gerais
A música escolhida, Time Go - Caught a Ghost, desperta em nós vários sentimentos, essencialmente de caráter negativo. A letra fala-nos da efemeridade do tempo, da dificuldade que o ser humano tem em perceber o mundo e a aceitar a sua condição humana. A fragmentação do sujeito, a solidão, a fatalidade, a incerteza, a incapacidade de lidar com o tempo, o desespero e a dúvida são elementos bem evidentes, e que tinham de ser bem evidenciados na nossa composição visual.
Assim, decidimos que a composição teria de ter dois aspetos bem salientes e diferenciados, que tivessem uma realidade independente e própria: por um lado, teria de ser representado o Homem, a sua fragilidade, assimetria, a sua fragmentação e desespero, de cores escuras, borratadas, com difusidades e arrastamentos; por outro lado, numa outra dimensão mais forte e preponderante (com maior destaque) seria representado o tempo, simétrico, com uma cor vermelha sanguinária, de arestas bicudas, cortantes, afiadas, com um sentido controlador do Homem.
Deste modo, e tendo como base a primeira experiência já feita, começamos por fotografar um novo modelo. O objetivo foi, desde logo, que a cara ficasse completamente desfocada, de uma forma arrastada, com movimento. Não queríamos que a fotografia fosse associada a alguém em especial, mas sim que funcionasse como um ícone que, por força da semelhança, pudesse ser relacionada a qualquer pessoa que sinta a mesma desolação do sujeito da música. Por isso, enquanto estava a ser fotografado, o modelo movimentava a cara de um lado para o outro, para que pudéssemos obter o resultado de instabilidade pretendido. Esta foi a recolha fotográfica desse momento:
Aparte dessa, outra imagem foi tratada, a de prédios de uma
cidade.

Foi feito um arrastamento da imagem e uma dupla exposição. A transparência da imagem foi de tal forma reforçada que a cidade desapareceu, e apenas ficou o efeito de arrastamento dado pelas linhas verticais. Por último, no Illustrator, foram acrescentados os traços vermelhos das horas.
Para o CD circular, a imagem utilizada foi a mesma, com pequenas alterações: foram retiradas as linhas verticais e aplicado um efeito de distorção.


No fundo, a composição (quadrada) retrata fortemente o desespero do eu, a sua dificuldade em lidar com ele próprio, de se assumir. Existe muito movimento, que é dado por linhas dispostas em várias posições. As tonalidades, o arrasto, a instabilidade, o efeito grain, a complexidade e assimetria da imagem tornam-na muito rica de significados e ideias que são exploradas na música. Por contraste, e para criar um efeito visual de supremacia, surgem num vermelho vivo, ao centro, 5 carateres que simbolizam o tempo. Os ditos carateres pretendem ser vistos como o tempo dado por um relógio digital. Tal como na primeira experiência, as horas são traços horizontais, tal é a efemeridade do tempo. O tempo é tão grande e passa de forma tão fugaz, que o ser humano se sente inútil e incapaz de lhe fazer frente. As linhas são dadas como ponteiros do relógio, afiadas, cortantes, mostrando o seu poder fatal.
Na composição circular, a imagem utilizada foi a mesma, só que com uma distorção rotatória. Pretende-se simbolizar uma espécie de buraco negro que termina no fundo do cd. Como se o sujeito se fosse afogando nos seus pensamentos e mágoas, até deixar de existir completamente.
Elementos de Comunicação Visual Utilizados
A nossa composição visual conta com vários elementos da Comunicação Visual.
Primeiramente, não poderíamos deixar de usar o ponto. Os pontos, em grande número numas zonas e menor noutras, conferem os tons e as cores. O efeito grain que é utilizado cria inúmeros pontos que formam o "eu". Estes pontos, a olho nu, são mais facilmente percecionados na zona da face, do pescoço e do ombro. Este efeito provoca uma resposta visual de fragmentação, que está relacionada com a deterioração do sujeito que foi quebrado pelo tempo e pela fatalidade da vida.
Em abundância, vemos linhas verticais e oblíquas. Este elemento está presente na nossa composição de forma muito marcante. São dadas, principalmente, pelo arrastamento e dispersão dos elementos, contribuindo para uma ofuscação do "eu", e para um efeito de riscado. Além destas linhas, existem as linhas do tempo, parecidas com ponteiros de relógio, mas também com agulhas pontiagudas, assemelhando-se ao formato de uma data. Por fim, há uma linha horizontal na parte superior da imagem, também ela com simbologia: a camada sobreposta transparente (a do tempo) deixa de se encontrar com a do sujeito. Ou seja, quando a vida acaba o tempo continua, não cessa com ela. A vida depende de todo do tempo, mas nunca o tempo espera ou depende da vida.
O contorno está presente nas linhas vermelhas do tempo, nas suas pontas triangulares. O tempo como um elemento mortal.
Temos uma direção diagonal dada pelo movimento da cabeça e pela posição instável do pescoço. Além disso, na camada sobreposta ao sujeito é evidente uma direção vertical (de cima para baixo) que simboliza a passagem unidirecional, contínua e constante do tempo.
Toda a imagem, à exceção das linhas vermelhas, é representada por várias tonalidades que vão do branco ao preto. A tonalidade mais escura, mais próxima do negro, está concentrada na zona da cara e do pescoço, como que se a identidade do sujeito estivesse a apodrecer, a ser cobrida, apagada.
Existe a cor vermelha das linhas do tempo, muito viva e contrastante com o resto da composição. É um vermelho puro, 50% magenta e 50% amarelo. Simboliza a agitação, o perigo, o sangue, a morte. Quer também ser a imitação dos algarismos de um despertador digital ou do ponteiro dos segundos de um relógio analógico (que é vermelho). O tempo é tão efémero, que apenas existem ponteiros dos segundos.
A textura é dada pelo efeito grain. No corpo do sujeito, os grãos assemelham-se à areia de uma ampulheta que está continuamente a contar o tempo. Há uma textura arenosa, como que se pudéssemos destruir ou refazer todo o sujeito com um simples remexer.
Se compararmos as pequenas linhas com o corpo do sujeito, reparamos que a escala não é a mesma. As linhas que passam por cima do sujeito são mais pequenas: o tempo é curto quando comparado com aquilo que o "eu" gostaria de viver.
A composição está cheia de movimento, é um dos elementos mais importantes do nosso trabalho. Está presente na agitação da cabeça, que deixa um arrasto atrás de si, e nas linhas da camada transparente que sobrepõe a imagem humana. Este movimento representa a passagem do tempo e a inquietação do ser.
Técnicas de Comunicação Visual Utilizadas
Foram utilizadas várias técnicas de comunicação visual.
Nota-se instabilidade na posição do sujeito. O peso da cabeça depositado num dos lados, e o pescoço inclinado conferem uma imagem menos harmoniosa. O desequilíbrio e aflição emocional são evidentes.
É também visível estabilidade nas linhas vermelhas. As horizontais, num ângulo de 360º, e as oblíquas, em ângulos perfeitos de 45º. Ainda que a interação do ser humano com o tempo seja conflituosa, o tempo é constante, certo, metódico, perfeito, não tem falhas. Há, por isso, um equilíbrio entre a instabilidade e estabilidade.
O mesmo acontece com a simetria e a assimetria. Ambas coexistem em equilíbrio. A simetria é denotada pelas linhas vermelhas vistas individualmente, e não como um todo. Novamente, o tempo surge como logicamente perfeito. Por contraste, há uma assimetria clara e propositada em toda a imagem: tanto o corpo, como as linhas sobrepostas, e as linhas vermelhas vistas como um conjunto inseparável.
A ordem das linhas vermelhas do tempo segue também uma ordem lógica, de regularidade. Novamente, o tempo perfeito em contraste com a carga emocional do sujeito.
Esta é uma composição visual com complexidade: há muito movimento, sobreposição de camadas, de linhas, e do vermelho do tempo. A complexidade proveniente da desorganização e conflituosidade mental do "eu" é evidente na composição da capa.
A unidade provém do vulto humano que é facilmente percecionado. As linhas vermelhas, apesar de serem 5 elementos que não se tocam, são vistas e interpretadas como um todo.
A fragmentação do "eu" está relacionada com o seu movimento, direção, ponto e linhas, que remetem para a destruição causada pelo tempo. O sujeito é visto como um conjunto de linhas que o atravessam. Existe ainda uma clara dissociação de camadas entre as linhas vermelhas e a fotografia a preto e branco: a oposição entre o tempo logicamente perfeito e a imperfeição e incapacidade humana.
A previsibilidade das linhas vermelhas. Representam a uniformidade e rigidez das horas, a sua perfeição e firmeza.
A ausência de planeamento presente no movimento, assimetria, fragmentação e instabilidade, reforçam a espontaneidade da imagem.
A reticência está presente nas linhas vermelhas do tempo. A sua presença induz o observador a pensar num relógio, no tempo, ainda que ele não esteja lá de forma concreta. Pretende-se uma máxima reposta a partir de elementos mínimos.
A atividade espelha o movimento do corpo e das linhas do tempo que estão numa constante passagem.
As linhas vermelhas, que objetivam conseguir a máxima visibilidade através do contraste com a camada de fundo, são uma técnica de audácia, bem como de acento. Sugerem a ideia de conflito e sangue, de uma forma bem evidente.
Transparência, porque existe uma fotografia disposta por cima do sujeito que está arrastada e translúcida, deixando que se veja parte dos seus traços e parte do "eu". Os movimentos da cabeça conferem também um arrastão com transparência.
No entanto, existe também opacidade: a parede branca e os contornos mais escuros do sujeito.
Existe uma clara deturpação do realismo, na capa quadrada. Mas é no CD, de forma circular, que a distorção é mais evidente. A imagem, apesar de ser a mesma sem as linhas vermelhas, sofreu uma remoção das linhas verticais e aplicou-se um efeito de distorção. O efeito assemelha-se ao de um remoinho, como que se o sujeito estivesse a ser engolido pelos seus pensamentos e pelo tempo.
A composição é formada por 4 camadas: uma com as linhas vermelhas, outra com as linhas conseguidas pela transparência dos prédios, outra com o sujeito, e uma última com a parede branca. Tem, por isso, profundidade.
As pontas afiadas e cortantes das linhas vermelhas das horas são exemplos de agudeza. Relacionam-se com o possível caráter perigoso do tempo.
Por último, temos uma técnica de difusão. O efeito grain, o movimento do corpo e as linhas sobrepostas criam um conjunto visual muito difuso, disperso. Significa a incerteza do sujeito.
Leis da Gestalt
Quanto às Leis da Gestalt, que definem o modo como o ser humano faz a leitura de uma composição visual, na nossa capa apenas as linhas vermelhas cumprem alguns dos seus princípios.
A Teoria das Unidades, uma vez que as 5 linhas vermelhas, ainda que diferentes, são consideradas como um todo.
A Teoria da Proximidade, uma vez que os elementos são vistos juntos e constituem um todo por se encontrarem próximos uns dos outros.
A Teoria da
Continuidade, uma vez que as linhas estão organizadas de uma forma lógica,
matemática: -/-/-
As partes sucedem-se de forma coerente, sem quebras ou descontinuidade.
A Teoria da Semelhança, uma vez que, pela semelhança da cor, forma, espessura, tendemos a agrupar todos os elementos numa só unidade.
Conclusão
Findada a primeira proposta de trabalho, considero que os
objetivos primordiais foram cumpridos. Além de ter ficado satisfeita com o
resultado final da composição visual que elaboramos (penso adequar-se à letra e
estilo da música), consegui aprender os elementos e técnicas de comunicação
visual, e aplicar esses conhecimentos à interpretação do nosso trabalho.
Essencialmente, foram reforçados certos conhecimentos tais como o de que "A forma segue a função", " A forma é algo mais do que as partes que a compõem", e que "Mais é menos". Mais do que saber dizer estas frases, é o ter percebido efetivamente qual o seu significado, de modo a interiorizar este conhecimento.
Cada elemento e técnica tem funções comunicativas diferentes, e é necessário dominar estes conceitos para conseguir comunicar de uma forma eficiente e intensa ao nível visual.
Ainda porque, mais importante do que construir algo esteticamente bonito, é desenhar algo simbólico, que tenha um significado e uma intenção comunicativa que foi previamente pensada.
Bibliografia
DONDIS, A. D. / La sintaxis de la imagem, Introducción al alfabeto visual / Ed. GG Diseño, Barcelona
MUNARI, Bruno / Design e Comunicação Visual / Ed. 70, Lisboa, 1991
FILHO, João G; Gestalt do Objecto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo, 2000
Experiências e Resultado Final
Tendo em conta todas os sentimentos que a música nos transmite, as nossas intenções expositivas, as interpretações que fizemos da música, as inspirações que retiramos dos álbuns e imagens, e as ideias que nos foram surgindo, primeiramente fizemos a seguinte experiência de capa e cd:


Esta composição contém vários dos elementos que foram incluídos na composição visual final. Na minha opinião está, por um lado, bem conseguida. Através de uma dupla exposição, o objetivo foi sobrepor ao sujeito os prédios de uma cidade, virados ao contrários e arrastados verticalmente. A sobreposição significa a dificuldade do sujeito se impor perante o mundo, de se destacar, de ser ele integralmente sem se deixar influenciar e esbater pela realidade que o rodeia. Ele é só mais um corpo que se deixa levar pelo tempo e pela vida. Metade do seu rosto está apagado pela escuridão, é uma identidade anónima que tem dificuldade em se afirmar, em perceber qual o seu papel no mundo. A vida e os pensamentos envolvem-no de uma maneira intensa, de maneira que ele não se consegue desligar das dúvidas, do desalento, da solidão, de um certo estado depressivo. Os prédios estão virados aos contrário com o objetivo de mostrar que o seu mundo está também virado de pernas para o ar, de forma instável e desconcertante. Além de a cidade estar ao contrário, está levemente arrastada, num efeito de "eco", com a intenção de chamar a atenção para a efemeridade do tempo. O tempo passa de forma tão rápida que mal conseguimos assimilar as coisas e focar a imagem dos prédios.
Por cima da dupla exposição, foram ainda dispostas 5 linhas de forma organizada: 3 horizontais intercaladas com 2 diagonais. Estes símbolos, vistos como um conjunto, pretendem simbolizar o tempo, as horas dadas por um relógio digital. As horas são dadas pelos traços horizontais. O tempo passa de uma forma tão brusca e apressada, que nem o conseguimos ver, apenas vemos o seu rasto. A cor é um vermelho puro, de modo a contrastar fortemente com a imagem de fundo e a simbolizar a dor que pode causar (o vermelho de sangue).
Para construir esta primeira composição, foram tiradas várias fotografias a um modelo escolhido pelo grupo:
E a imagens de cidade:
Mais tarde, estas imagens foram trabalhadas no Photoshop e no Illustrator até conseguirmos alcançar o efeito desejado.
No entanto, esta composição visual não foi a escolhida, dado que não ficaram bem evidentes as representações de desespero, movimento e aflição que eram inicialmente pretendidas. Como chegamos à conclusão de que o resultado, apesar de ser bom, não continha todos os ingredientes necessários à satisfação da proposta, decidimos pôr mão à obra e tentar chegar a um resultado mais completo e coerente.
Inspirações - Imagens e álbuns
No processo criativo, vimos várias capas de antigos álbus e, sobretudo, imagens encontradas na internet. Foram elas que mais nos inspiraram, e que constituíram o ponto de partida esssencial para a realização da nossa composição visual.
As capas recolhidas são muito ricas em termos de elementos e técnicas de comunicação visual, e o seu estilo enquadra-se muito bem no resultado final que o grupo pretende conseguir.
A maioria delas não expressa os sentimentos negativos e até depressivos que a nossa música sugere, mas inspiram-nos com os corpos humanos que apresentam, as posições, os movimentos, as tonalidades, o forte impacto que connosco cria, e o elevado valor simbólico e sensorial que têm.
ÁLBUNS:
IMAGENS:
O que fazer?
Chuva de Ideias
De modo a dar início ao projeto, e tendo em conta a importância do valor simbólico que a composição visual deve encerrar, decidi elaborar uma tabela que me ajude a organizar as ideias. Tendo em conta as sensações e sentimentos que a música me transmite, selecionei certos elementos e técnicas de comunicação visual que penso serem interessantes explorar. Certamente, nem todos estes elementos serão utilizados, e haverão alguns que, apesar de não estarem aqui presentes, possam, mais tarde, ser de pertinente utilização.
De qualquer modo, aqui fica uma ideia daquilo que, neste momento, prevejo fazer:
Tendo em conta todas estas sensações que a música transparece, eu e o meu colega de grupo proposemos várias sugestões e ideias para a nossa composição visual:
- A figura esbatida de um rapaz, numa idade entre os 16 e os 21. É nesta idade de adolescência que as ideias mais depressivas e de incerteza surgem. Não se é criança, nem se é adulto. Mas já se sabe pensar, e está-se cercado de dúvidas. "Where does the time go?", "I'm in need of the answer, in search of the question".
- Arrastamento da cara e do corpo. A rápida passagem do tempo; o desmoronamento do corpo e da alma; quase uma tentativa de a alma se desagregar do corpo físico; a falta de certezas que o sujeito tem.
- Fazer uma dupla exposiçao, com o rapaz e um conjunto de prédios de cidade. O sujeito não se sente com ideias sólidas, certas. O mundo passa por ele, com rapidez, e ele não consegue deixar de nele se envolver e entranhar. Quase que lhe tira a identidade, que o faz desaparecer diante de um monte de prédios. Ele é insignificante e apagado diante da imensidão do mundo e do tempo.
- Prédios arratados ou com um efeito de "eco".
- Cores neutras (cinzentos, brancos e pretos).
- Algo que dê a ideia da passagem do tempo (além do arrastamento). Talvez um relógio ou uns sinais de marcação do tempo.
Recolha Fotográfica
Num momento de introdução ao trabalho e à comunicação visual, em que o processo de aprendizagem e assimilação de conhecimentos ainda está a ser feito, foi essencial fazer uma recolha fotográfica. A recolha serviu para testar os conhecimentos e técnicas aprendias, visualizar e materializar a teoria, perceber e interiorizar os conceitos dados nas aulas, e inspirar-nos (a mim e ao meu colega) para o trabalho que temos pela frente: construir uma composição visual que retrate a composição musical que escolhemos.
Os elementos foram explorados de uma forma mais ou menos livre. Uma fotografia possui, na maior parte das vezes, não apenas um, mas vários elementos e técnicas de comunicação visual. A forma como a fotografia é tirada também não é indifirente, há uma intenção por detrás que determina o realce e enfoque de um certo elemento ou técnica. Por isso, em cada uma das fotografias realçarei apenas um elemento ou técnica que mais se destaque, apesar de saber que existem muitos mais que poderiam ser referidos.
É também de referir que não está presente, neste capítulo, toda a recolha fotográfica que foi feita. Parte dela encontra-se explanada no resumo teórico dos elementos e técnicas de comunicação visual, como forma de exemplificar a definição escrita. Outra parte será publicada mais acima, aquando da recolha de imagens que serão efetivamente usadas na composição visual do meu grupo.
Teoria de Gestalt e as Leis da Perceção
Outra das bases teóricas muito importantes para a realização da composição visual são a Teoria de Gestalt e as Leis da Perceção.
"A Gestalt afirma o princípio de A Gestalt afirma
o princípio de
que vemos as coisas sempre
dentro de um conjunto de relações." (FILHO, João G; Gestalt do Objecto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo, 2000)
Para que possamos compreender e analisar um sistema, um objeto, um acontecimento (ou outro) como um todo, é necessário que o consigamos dividi-lo em partes interativas, que podem ser isoladas e vistas como inteiramente independentes. O conjunto de todas as unidades individuais, organizadas de uma certa forma, constitui uma composição visual que é vista como um todo. E, se alguma destas fragmentações for modificada, o todo vai perder o sentido inicial e ganhar um novo significado.
A forma como o ser humano compreende os componentes visuais como padrões organizados ou conjuntos, em vez de assimilar cada unidade como um elemento individual e independente, está estudada nas leis de organização da Gestalt.
A palavra gestalt é alemã, e significa "forma". Ou seja, estamos a estudar a Teoria da Forma.
De acordo com esta teoria, existem 8 fatores principais que determinam como nós agrupamos as coisas de acordo com a perceção visual:
- Unidade - pode ser um único elemento que vale por si só, ou ser parte de um conjunto mais complexo. São entendidas através da relação que encerram com os outros elementos.
Uma pauta de música é uma unidade constituída por várias outras unidades.

- Segregação - por diferenças de contraste no campo visual ou no objeto, percecionamos a formação de uma unidade.
A imagem abaixo reflete a ideia de segregação. Não sabemos qual é o fundo: se é o branco, no qual se destaca uma unidade negra que se parece com um cálice; ou se é o preto, do qual sobressaem duas unidades brancas que se assemelham a silhuetas de caras. Neste caso, da forma como a imagem nos é apresentada, sobressai com maior rapidez o cálice preto. Isto acontece porque a cor de fundo do blog é bem clara, o que aumenta o contraste com o corpo escuro, e diminui o contraste com as unidades claras.

- Unificação - Coerência visual da linguagem formal. As unidades compõem um todo harmonioso, com ordem e equilíbrio visual. Os elementos visuais constroem uma composição, uma imagem.

- Fechamento - O nosso cérebro tende a adicionar componentes que faltam para interpretar uma figura parcial como um todo. O ser humano gosta de formas o mais fechadas e bem acabadas possível. Por isso, quando algum elemento visual está inacabado, aberto, tendemos a fechá-lo. Aquilo que não é dado pela imagem é acabado pela imaginação, através da capacidade projetiva da mente.

- Continuidade - Impressão visual do modo como as partes (pontos, linhas, planos, volumes, texturas, brilhos, etc.) se sucedem e completam através da organização percetiva da forma, sem quebras e/ou descontinuidade. Os elementos têm a tendência de acompanhar outros, continuarem um "movimento", de maneira a alcançar a melhor forma possível, a mais estável estruturalmente.

- Proximidade - O ser humano tende a ligar visualmente os pontos que estão mais próximos. Por isso, elementos próximos uns dos outros tendem a ser vistos juntos e a constituírem unidades. A nossa organização visual tende a organizar a unidade mais simples de se perceber num primeiro momento.

- Semelhança - Os elementos semelhantes entre si tendem a associar-se. Esta semelhança pode ser a nível de cor, tamanho, grossura, forma, textura, brilho, etc.

- Pregnância - a pregnância é tanto maior quanto mais eficaz for a organização visual da forma do objeto, e mais rápida e fácil for a sua leitura e compreensão. É a força da forma que dita a direção do nosso olhar. Uma composição pregnante implica que seja funcional, legível, facilmente compreensível e clara.

A imagem a baixo traduz de uma forma simples, dinâmica e eficaz os princípios da Teoria de Gestalt. Estes princípios explicam a capacidade projetiva e interpretativa da nossa mente relativamente a uma composição visual, ajudando-nos a perceber que ferramentas temos ao nosso alcance para passar uma determinada mensagem ao público-alvo.

Bibliografia
FILHO, João G; Gestalt do Objecto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo, 2000
Elementos Básicos da Comunicação Visual
Tendo em conta que a primeira proposta de trabalho se centra na conjugação inteligente e simbólica dos Elementos de Comunicação Visual com as Técnicas de Comunicação Visual, é extramamente importante deixar uma breve enumeração e explicação de todos estes elementos. Estas bases teóricas servirão para, mais tarde, de um modo contextualizado, se perceber o produto final e as suas intenções - a composição visual.
Elementos da Comunicação Visual
"Sempre que alguma coisa é projetada e feita, esboçada e pintada, desenhada, rabiscada,
construída, esculpida ou gesticulada, a substância visual da obra é composta a partir de uma
lista básica de elementos" (Donis A. Dondis, em Sintaxe da Linguagem). Estes elementos visuais não são os materiais físicos como a madeira, gesso ou argila, mas "a matéria-prima de toda informação visual em termos de opções e combinações seletivas". Estes elementos são: o ponto, a linha, o contorno, a direção, a tonalidade, a escala, a dimensão, a textura, o movimento e a cor.
A escolha e manipulação destes elementos visuais, tendo em conta o efeito e intensões retendidas, estão na mão do artista, do artesão e do designer ("cada um vê aquilo que sabe" - Design e Comunicação Visual, de Bruno Munari).
Cada elemento é acompanhado de uma imagem explicativa e de uma fotografia tirada por mim. A recolha fotográfica vai sendo, assim, incluída no trabalho de forma segmentada e coerente. Vejamos estes elementos de comunicação visual de forma mais pormenorizada:
- Ponto - "Unidade de comunicação visual mais simples e irredutivelmente mínima", que tem grande poder de atração visual. Vários pontos organizados e dispostos de uma dada maneira acabam por se ligar, e podem criar imagens, ilusões de cor ou de tom, ou mesmo uma direção que conduz o nosso olhar.


- Linha - "Quando os pontos estão tão próximos entre si que se torna impossível identificá-los individualmente", e a sensação de direção aumenta. A linha torna visível o que antes os pontos apenas sugeriam pela imaginação. Nunca é estática, tendo em si uma grande energia. Apesar de poder ser flexível, também se pauta pelo facto de ter um determinado propósito e uma determinada direção. A linha, considerada um elemento inquieto, pode também ser técnica e rigorosa.


- Contorno (ou forma) - "A linha descreve uma forma". Estes contornos podem ser: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero (3 lados iguais), cada um com características muito próprias. São formas muito simples, planas, de fácil apreensão e construção. Ao quadrado associa-se enfado, honestidade, retidão e esmero; ao triângulo, ação, conflito, tensão; ao círculo, a infinitude, calidez, proteção.


- Direção - "Todas as formas básicas expressam três direções visuais básicas e significativas: o quadrado, a horizontal e a vertical; o triângulo, a diagonal; o círculo, a curva". Cada direção tem significado associativo e é um valioso instrumento para a criação de mensagens visuais.
- A referência horizontal-vertical remete a uma ideia de bem-estar e maneabilidade.
- A direção diagonal tem a força direcional mais instável, e, consequentemente, mais provocadora das formulações visuais.
- As forças direcionais curvas têm significados associados à abrangência, à repetição e à calidez.

- Tonalidade - "Intensidade da obscuridade ou claridade de qualquer coisa vista", a presença ou ausência de luz. As variações de luz ou de tom permitem distinguir oticamente a complexidade da informação visual do ambiente. O tom é um dos melhores instrumentos para indicar e expressar o mundo dimensional em que vivemos. Recorre a muitos artifícios para simular a distância, a massa, o ponto de vista, o ponto de fuga, a linha do horizonte, o nível do olho, etc.

- Escala - "O grande não pode existir sem o pequeno". É a relação de dimensões entre duas ou mais formas, permitindo-nos hierarquizar os objetos. No estabelecimento da escala, o fator fundamental é a medida do próprio homem. A escala é muito usada nos projetos e mapas para representar uma medida proporcional real. Aprender a relacionar o tamanho com o objetivo e o significado é essencial na estruturação da mensagem visual. Um elemento com uma maior escala, à priori, terá um maior destaque do que um elemento de menor dimensão.


- Dimensão - "A representação da dimensão em formatos visuais bidimensionais depende da ilusão. A dimensão existe no mundo real. Não só podemos senti-la, mas vê-Ia, com o auxílio da nossa visão estereóptica e binocular." A dimensão nunca existe numa representação bidimensional da realidade, ela é apenas implícita. Para a simular, usa-se a técnica da perspetiva, que dá profundidade ao desenho, tornando-o mais real, equilibrado e funcional. Os efeitos podem ser intensificados pela manipulação tonal, através do claro-escuro. No fundo, é dar ao objeto bidimensional uma terceira dimensão, volume.


- Textura - "A textura é o elemento visual que com frequência serve de substituto para as qualidades de outro sentido, o tato." No entanto, conseguimos também reconhecer a textura através da visão - linhas de uma página impressa, padrões de um determinado tecido ou traços subrepostos de um esboço. Quando existe uma textura real, a visão e o tato coexistem de uma forma específica e única, permitindo à mão e ao olho uma sensação individual, ainda que projetemos sobre ambos um forte significado associativo. A textura está intimamente ligada com a composição de uma determinada substância através de variações mínimas na superfície do material.


- Movimento - "Está implícita em tudo aquilo que vemos, e deriva de nossa experiência completa de movimento na vida." As formas estáticas das artes visuais não são naturais na nossa experiência. O movimento como componente visual é dinâmico.


- Cor - É o elemento com mais afinidade com as emoções. A cor fundamenta a expressão, não sendo meramente decorativa/estética. Tem um grande valor simbólico, e constrói uma linguagem que transmite uma determinada ideia. As suas três dimensões são a luminosidade, a saturação, e a matiz. Oferece um vocabulário enorme e de grande utilidade para o alfabetismo visual.


"Todos esses elementos, o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a escala, a dimensão e o movimento são os componentes irredutíveis dos meios visuais. Constituem os ingredientes básicos com os quais contamos para o desenvolvimento do pensamento e da comunicação visuais." (Donis A. Dondis, em Sintaxe da Linguagem)
Técnicas da Comunicação Visual
"As técnicas visuais oferecem ao designer uma grande variedade de meios para a expressão
visual do conteúdo."
É a aplicação pensada e a utilização intencional das Técnicas de Comunicação Visual que permitem a transmissão de uma dada mensagem e influenciam a compreensão e interpretação do conteúdo desejado.
Cada técnica pode ser explicada em termos de polaridade, quase num estilo de antonímia. As imagens que acompanham as explicações são da nossa autoria, tiradas pelas ruas da cidade do Porto. Existem as seguintes Técnicas de Comunicação Visual:
- Estabilidade - Equilíbrio, harmonia, proporção.
O banco abaixo representa a estabilidade. Consegue encontrar um equilíbrio perfeito dada a sua estrutura simétrica.

- Instabilidade - Ausência de equilíbrio, inquietação, provocação, movimento, desestabilização, insegurança.
Na fotografia abaixo vemos um candeeiro inclinado, numa posição de desiquilíbrio. A instabilidade é-nos dada também pelos tons acinzentados do céu e dos edifícios. A sensação de o candeeiro estar a cair provoca-nos uma certa inquietação e nervosismo.

- Simetria - Equilíbrio axial, lógica, simplicidade, estaticidade, cópia.
Novamente, servimo-nos da imagem do banco da rua das Oliveiras no Porto, agora para representar a simetria. Se imaginarmos uma linha vertical que atravessa o banco a meio, apercebemo-nos de que existe uma simetria perfeita neste objeto.

- Assimetria - Equilíbrio precário (compensação), emoção, complexidade e movimento, disparidade, desproporção.
Este semáfaro é assimétrico tanto numa perceção vertical como horizontal. Se o dividirmos a meio, reparamos que os lados opostos são diferentes.

- Regularidade - Uniformidade, ordem, precisão, método, constância, sem variação, rigidez.
A forma como as linhas deste estoro estão dispostas é regular, constante. Existe uma repetição contínua. Se taparmos parte do estoro, conseguiremos adivinhar com facilidade que sequência se segue.

- Irregularidade - Inesperado, inconstante, desigual, e insólito.
A forma como os cigarros estão dispostos neste vaso é irregular, não tem ordem e uniformidade. Estão dispostos "à sorte", e não de uma forma pensada.

- Simplicidade - Ordem, imediatez, singeleza, uniformidade, naturalidade.
O design desta portada/janela é muito simples e elementar. A sua conceção e composição não tem grandes artifícios e formas elaboradas. Ela é uniforme e de uma perceção imediata, com linhas muito firmes e sóbrias.

- Complexidade - Desorganização, poluição visual, confusão, complicação, muitas formas.
A montra desta loja é de uma grande complexidade e desorganização. Para acrescentar, a imagem conta com reflexos do exterior, o que ajuda a produzir poluição visual e confusão.

- Unidade - Diversos elementos formando uma totalidade, equilíbrio, harmonia, uniformidade.
Esta imagem revela várias unidades de pedra que compõem o piso dos passeio do Porto. Estas unidades, dispostas de forma regular e contínua, formam um passadiço equilibrado e harmonioso.

- Fragmentação - Decomposição de elementos de um conjunto, divisão, movimento, estímulo, variedade.
O mesmo piso, passos à frente, encontra-se desuniformizado. É que algumas das unidades atrás referidas racharam. Denota-se, por isso, uma fragmentação evidente.

- Economia - Unidades mínimas e práticas, pobreza, pureza, sobriedade, simplicidade.
Esta parede está decorada com simples formas circulares pretas, pobres a nível visual. É uma ornamentação muito sintética e objetiva, sem grandes detalhes e pormenores.

- Profusão - Detalhamento visual de formas básicas, ornamentação, enriquecimento visual, poder, riqueza, exuberância, decoração, exagero, complicado.
Já o portão do Cemitério de Agramonte conta com uma decoração elaborada e requintada. A profusão é bem evidente nesta decoração.

- Reticência - Máxima resposta a partir de elementos mínimos. Com pouco digo muito. Indiciação de algo que está implícito.
Os vestígios de restos de folhas indicam que existe uma planta nas proximidades. Estes pequenos elementos induzem a nossa projeção mental e dão-nos pistas sobre algo que está implícito.

- Exagero - Extravagância, intensificação, amplificação, hipérbole.
Quando uma velhinha se põe a espalhar comida num dos jardins do Porto, um montão de aves invade o sítio à procura de alimento. A imagem reflete o exagero de pombas e gaivotas que por lá passam.

- Atividade - Movimento, energia, estimulante, ativo, vivo.
O padrão deste piso dá-nos a ilusão de que o chão se move por debaixo dos nossos pés. Ao olhar para a imagem ficamos com a perceção de que o chão tem energia, que se mexe num movimento ondulatório e constante.

- Passividade - Estático, imobilidade, equilíbrio absoluto, repouso, tranquilidade.
A entrada desta casa está parada, imóvel, em repouso. Feita de pedra e cimento, não há ser vivo, vento ou alma que por ali passe.

- Subtileza - Foge da obviedade, delicadeza, requinte, deve ser usada de forma inventiva.
O logotipo deste estabelecimento é delicado e requintado. Os contornos são usados de uma forma inventiva e estilizada.

- Audácia - Técnica visual óbvia, deve ser usada com segurança, com objetivo de máxima visibilidade; sofisticado.
Simples candeeiros de cores diferentes iluminam toda a praça da alimentação das galerias Lumière. É uma técnica ousada: vai induzir toda a gente a olhar para o teto, concretizando o objetivo da máxima visibilidade.

- Neutralidade - Não provoca grandes estímulos; Por norma simples, imparcial, sem acentos.
Estes simples mini pararlelos, de cor cinzenta e banal, compõem um piso neutro que não provoca grandes estímulos a ninguém. Todos os elementos têm a mesma importância.

- Acento - Realce de apenas um elemento de entre um fundo uniforme, neutro. Destaque visual de um elemento, tendo em conta o cenário de fundo.
Numa rua de paralelos cinzentos como a da imagem acima exposta, um elemento branco que surja no meio do todo destaca-se do resto, inevitávelmente. Esse elemento branco é um acento, um destaque visual que capta a atenção dos que lá passam. Corta com a monotonia do habitual pasadiço neutro.

- Transparência - Ver através de elementos. Translucidez.
Neste pequeno lago da rua das Oliveiras, a transparência das águas deixa-nos ver todo o solo, lixo e reflexão do mundo exterior.

- Opacidade - Bloqueio total, ocultamento de elementos. Denso, espesso, cerrado.
Esta parede, de textura granulada e com tons de beje, oculta tudo o que está para alem dela. Não conseguimos visualizar nada através da sua forma.

- Realismo - Produzir qualquer coisa que seja exatamente igual à sua forma real, à realidade. Repetição objetiva e rigorosa.
O seguinte azulejo retrata de uma forma realista uma cena religiosa. A pintura tenta imitar de uma forma certinha a figura humana e o espaço onde a cena se desenrola.

- Distorção - Deformação, alteração da realidade, desvio da forma regular, intensidade
Esta imagem, contrariamente à anterior, não representa a forma humana como uma cópia da realidade. A representação é subjetiva, utiliza formas exageradas e que não são visíveis no mundo concreto. A forma como os elementos estão dispostos deixa a nossa mente a vaguear, e à procura de respostas que nos ajudem a interpretar as intenções do autor.

- Plano - Ausência de profundidade, objetiva, superficial .
Neste chão fotografado de cima existe uma ausência de profundidade. É apenas bidimensional.

- Profundo - Perspectiva, sugerir dimensão, profundo.
Nesta fotografia temos bem a perceção daquilo que está perto e daquilo que está longe. A distância é evidente, e a perspetiva tridimensional também. A rua conduz a um afunilamento profundo.

- Singularidade - Independência, isolamento, ênfase específica.
Este sinal na estrada está isolado, sozinho. Funciona como um elemento independente de todos os outros.

- Justaposição - Ativa uma relação de comparação entre dois estímulos visuais complementares . Ao acrescentar um elemento estou a modificar o resultado.
O sinal, que na imagem anterior era singular, juntou-se a outros sinais semelhantes. Agora que faz parte de um conjunto de elementos, o seu significado já não é o mesmo, e passa a fazer parte de um conjunto de sinais que transmite uma mensagem.

- Agudeza - Clareza de expressão, razão, precisão, fácil interpretação.
Estas escadas possuem vértices aguçados e precisos. Os seus traços são bem retos e sóbrios.

- Difusidade - Suavidade, imprecisão, sentimento, calor.
Esta imagem é um bom exemplo de difusidade. Não só porque a imagem está levemente desfocada, mas também devido à forma circular e sem arestas dos balões. Em contraste com a agudeza, esta imegem transmite calma e serenidade.

- Sequencialidade - Ordem lógica, racionalidade, padrão, ritmo.
Parecidas com pegadas, as manchas azuis escuras percorrem o tecido numa ordem lógica e sequencial. O padrão é constante e ritmado.

- Acaso - Ausência de planeamento, desorganização intencional ou acidental, naturalidade, liberdade.
Estes pequenos tijolos estão amontoados de uma forma aleatória, não pensada. Na sua disposição, nao há uma organização lógica ou planeada.

- Repetição - Unificado, coesão, união, conexão, rigor.
O padrão destes azulejos é baseado na repetição contínua dos mesmos elementos.

- Episodicidade - Desconexão, individualidade, liberdade.
Estas cenouras estão dispostas de uma forma episódica, desconexa, não pensada. Estão em liberdade total: tal como caíram, tal como ficaram.

- Estabilidade - Coerência, uniformidade.
Esta cabine telefónica da avenida dos Aliados transmite uma certa ideia de estabilidade. Para além da sua forma coerente, robusta e paralelepídica, a falha de retângulos que tem na sua face visível está muito equilibrada: do lado esquerdo há um retângulo acima a mais; do lado direito há um retângulo abaixo a mais. O modo como estas falhas estão dispostas, confere equilíbrio e estabilidade à estrutura.

- Variação - Diversidade, sortimento.
A fruta é variada e está livre de um organizamento pensado. Há a variação de fruta, de cores e de posições.

- Previsibilidade - Ordem, racionalidade, previsível.
A sequencialidade de botões de uma campaínha é muito previsível. Dado o fim útil deste objeto, é de esperar que os números estejam organizados de uma forma ascendente e lógica, de modo a facilitar a sua perceção e manoseio.

- Espontaneidade - Falta de planeamento, impulsividade, liberdade, participação, movimento.
Os ramos de uma árvore e o movimento das nuvens são tudo menos previsíveis e pensados. A natureza no seu esplendor é livre, espontânea e selvagem.

Bibliografia
DONDIS, Donis A. A sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991, pp. 51-83.
MUNARI, Bruno (1968), Design e Comunicação Visual, Ed. 70, Lisboa
Caught A Ghost - Time Go
A música
A primeira etapa
A primeira proposta de trabalho está à porta e parece-nos ser muito aliciante e desafiadora!
O trabalho passa por escolhermos a letra de uma música e, tendo em conta o seu significado e emoções que transmite, criar uma composição visual para a capa de um cd. Nestra criação, teremos de ter em conta as técnicas e os elementos básicos da Comunicação Visual aprendidos nas aulas.
Depois de muita pesquisa, partilha e discussão com o meu colega de equipa, a música foi escolhida. Chama-se Time Go, e pertence à banda Caught A Ghost. Foi uma música que nos tocou a ambos pela sua letra, profunda e dissuadora, que retrata um estado de espírito com o qual todo o ser humano, em alguma fase da sua vida, se identifica.
A música fala, sobretudo, da impossibilidade de viver o momento dada a nossa condição humana. As coisas acontecem antes de as conseguirmos perceber e, por isso, vivemos sempre atrasados, ainda que milésimas de segundo. A vida, que não conseguimos viver verdadeiramente, passa depressa de mais, não conseguimos agarrar o momento, não conseguimos parar o tempo nem a sua força unidirecional. E temos perguntas, tantas perguntas para as quais não temos resposta! E essas perguntas são tão difíceis de responder como de verbalizar. Enfim, "where does the time go?". Tudo isto é intercalado com vivências íntimas do autor.
Agora que temos música definida, avancemos, com coragem e determinação, para a próxima etapa: pensar, sonhar, imaginar, idealizar. Rumo à etapa das ideias!
A MÚSICA - Time Go
I'm in need of the answer, in search of the question, in love with being broken-hearted
Days race by faster, it's a made-up lesson, and I'm lost before I started
A little white lie, a big black sky, an emptiness open on the dashboard
I feel a lack of self, and it's someone else, telling you to try, where you failed before
Where does the time go?
I don't know
It's movin' underneath me
Like I'm moving in slow-motion
I reach out though
It passes too quick to see me
Livin' on the back nine, livin' out your past life, tryin' to make a livin' as an outlaw
But the problem you see, stealing ain't what it used to be, everyone's used to it by now
You back-up your gun, make your best run, your faking isn't breaking any new ground
But is there such a thing, when you watched the rain wash away
Everything you thought you'd found?
Where does the time go?
I don't know
It's movin' underneath me
Like I'm moving in slow-motion
I reach out though
It passes too quick to see me
I think that this could be the last one jimmy
Why don't you come and take this last one with me?
I gotta say that it's good to be home
Sometimes I miss you when I'm out there alone
So come around some time, clear your mind, it's getting harder as the weeks slip away
We can turn on a dime, pass you a b'lime, while you wait for the truth to come your way
Your time will come if you let it be right, if you let it be right
Your time will come if you let it be right, if you let it be right
Your time will come if you let it be right, if you let it be right
No decorrer deste semestre, aprenderemos as técnicas e elementos básicos da comunicação visual, com vista a adquirir bases sólidas que nos permitam explorar e desenvolver trabalho na área do design. O objetivo passa por adquirirmos a capacidade de desenvolver e transformar ideias em projetos consistentes e de qualidade.
Vamos pôr mãos à obra?